quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Não custou nada e soube muito bem

15 de Novembro. 17h15. Chuva, vento e escuro, muito escuro. Duas crianças com cerca de nove anos correm, sem guarda chuva, rua abaixo. Mochilas às costas e tudo indica que fazem o percurso escola-casa, atendendo à proximidade da escola. Eu, que circulava de carro, no sentido contrário e atenta à condução, ouço o meu irmão comentar que uma das crianças à medida que acelerava o passo ia deixando cair cadernos e livros, sem se aperceber.  Uma rotunda e volta atrás. Encosto à berma e ligo os quatro piscas. Ainda debaixo da maldita chuva o meu irmão apanha um a um. Três cadernos e um livro, por sinal bem estimados.  Uma biforcação. E agora? Sigo o instinto e viro à direita. Ao fundo, consigo ver uma das crianças. A outra já lhe tinha dado algum avanço. Mais um segundo e não saberia o que fazer. Buzinei insistentemente e a criança voltou-se incrédula. Percebi nitidamente que o miúdo ficou parvo de admiração. Para ele, isto não existe. Nunca existiu. Agarrou os livros sem desviar o olhar do meu e agradeceu. Eu vim para casa, feliz, ainda mais feliz. E o meu irmão também. Ambos a explicar à Maria o sucedido, a qual por momentos apenas se limitou a assistir, sem fazer comentários.
E mais, tenho para mim que aquele miúdo, um dia, será bem capaz de fazer o mesmo, por outros. E isso é muito bom.

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