sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O sono, ou a falta dele, faz disto

Faz precisamente hoje uma semana [e 16 meses que nasceu a minha princesa e eu dormi muito bem de noite] que me aconteceu o mesmo: insónia. E desta vez não foi do piripiri, porque não houve lugar a este condimento, já do sal não se poderá dizer o mesmo porque temperei a minha salada com algum. Coincidências: o sal, o peixe assado, o filho de mil homens e a 6ª feira. Um destes quatro terão (alguma) culpa nesta maldita insónia. Veremos então se conseguimos excluir alguma das hipóteses. O sal, não me parece porque uso-o com regularidade (eu sei que não devo e vou tentar diminuir. Abri um precendente ao começar a  temperar a minha salada individualmente, mas o princípio está correcto, pois D. marido não tem que carregar com pilhas de sal, só porque eu gosto). O peixe assado deixa dúvidas porque como é uma refeição mais soft abre espaço à fome passado poucas horas e ontem não houve lugar a sobremesas ou ceias. O filho de mil homens, ora se era este acabou então a minha insónia definitivamente porque dei cabo dele às 3h55 de hoje. Sim, porque o reviranço na cama começou por volta das 3h00, seguidos 25 minutos de esperança, a aguardar que a insónia passasse e às 3h25 agarrei-me a ele assim "ai é, já foste!" Apaguei o candeeiro e continuei a revirar. O desespero foi tal que às 4h20 coçava-me por todos os lados. Comichão??? Ai, isto é de loucos, só pode. E porque D.marido não tem culpa de tal desassossego e o estômago também não estava ali para facilitar as coisas, decidi saltar da cama fazer um chá (de camomila) e sentar-me ao computador. E a sexta feira? Também não me parece porque é apenas a segunda sexta feira em que isto acontece em toda a minha vida (e espero muito sinceramente que fique por aqui).
E de repente só me vem uma imagem à cabeça, a dos velhos escritores que não fizeram mais nada na sua vida além de ler e escrever. Imagino-os de madrugada diante de folhas brancas ou de uma possível máquina de escrever, manta pelas costas e à luz de um antigo candeeiro porque também eles tinham insónias, as insónias das letras. Ao mesmo tempo imagino-os um tanto ou quanto psicóticos, a viverem num mundo onde a realidade é outra, diferente da nossa e inatingível por nós. Camilo Castelo Branco, Mário de Sá-Carneiro, Antero de Quental e Florbela Espanca (mas há mais suponho) que além de escritores têm ainda algo em comum - a morte por suicídio. Medo! Vou já para a cama outra vez. Lá não tenho medo! E isto a propósito de quê? Ah, de não dormirem de noite para poderem ler e escrever. Mas eu não sou escritora (nem queria confesso). Eu escrevo. Porque gosto de escrever. Em boa medida eu considero que existem escritores, os que escrevem, os que editam livros e os que vendem livros. Eu apenas escrevo coisas. Não sou escritora, não editei (nem penso editar) livros e se não edito também não vendo. Mas há os que escrevem coisas, editam livros e conseguem vendê-los. Isto é o delírio total. Onde a conversa já vai. É o sono disfarçado de jerico. Só pode. Se caminhasse para livro desistia dele no momento em que acabava de escrever, como é um post basta um clique e está já aí desse lado. Pena! Também só lê quem quer. Eu não digo que é a loucura? E se te calasses e fosses tentar dormir que é o que está toda a gente a fazer a esta hora? Menos os que trabalham, coitados esses têm mesmo que estar acordados. E por falar em trabalhar é para lá que vou agora. Sim, vou elaborar um relatório que tenho que fazer ainda este f-d-s. Olhamésta, eu, euzinha da silva a trabalhar às 5h da manhã. Nunca em sete anos de profissão tal coisa aconteceu. Mas não encontro outra forma de tirar proveito da dita insónia (além de ir comprar pão quente assim que ficar um bocadinho dia). Mas isto vai passar, ai se vai. Porque eu não sou escritora, nem velha, nem psicótica, nem só escrevo, nem só leio, nem vivo numa realidade inatingível, nem tenho nada contra as sextas feiras, nem vou continuar a exceder-me no sal nem a voltar a cair na desgraça de ir dormir com fome.
Ah, só mais uma coisinha. Ouço o mar num autêntico rebuliço. As ondas parecem chateadas, ao rebentarem com tanta força. Mesmo assim sabe bem ouvi-las.
Obs.: Terá sido de ter dormido até às 9h30 no dia anterior? Ou do euromilhões? Sairam-me 2 números! Também não me parece. 

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