terça-feira, 4 de setembro de 2012

A amizade tem destas coisas...

E sabem que mais? Hoje reencontrei um velho e fiel amigo. Fomos muito amigos em tempos e hoje voltamos a sorrir um para o outro. Ele mais velho, está claro, mas aí para as curvas! Acima de tudo, a dar para continuar a confiar. Nunca me deixou ficar mal. Quer dizer, mais ou menos.  Por duas vezes que nos chateámos, mas coisa sem importância. Ainda hoje falámos disso. Afinal foram apenas dois episódios sem consequências graves. Um deles eu é que tive a culpa, ainda que indiretamente, assumo! O outro episódio quer queiramos quer não, a culpa foi inteiramente sua. 
Uma amizade que durou cerca de dez anos, de forma ininterrupta, baseada numa reciprocidade de sentimentos. Eu gostava dele e ele, à sua maneira, ia mostrando que gostava de mim. Foi cúmplice de passeios, viagens, tristezas e muitas alegrias. Testemunhou conversas, gargalhadas, mas também algumas lágrimas. Estas últimas não só sob a forma de desabafo, consequência de episódios que são próprios da idade e que felizmente não foram assim tantos, mas sobretudo quando o meu pai decidia que não nos podíamos ver assim por tudo e por nada. Dizia que não podíamos sair a toda a hora e chegar às tantas que eu tinha que perceber que tinha que haver regras... enfim. Mesmo assim, dom papi deixou que esta amizade durasse de forma persistente durante toda a minha licenciatura. Mais tarde surpreendeu-me ao proporcionar o nosso encontro nos Açores, onde exerci funções de docente pela primeira vez na minha vida! Nem sabem a alegria que senti quando o vi chegar. Estava longe, pela primeira vez tinha saído de casa dos meus pais, para meu próprio bem devo muito a esta coragem que tive na altura e ao empurrãozinho dos meus pais, sabe Deus o que lhes custou, mas sem este ano de experiência muito provavelmente ainda hoje não saberia o que era ser professora a sério, no terreno... e de repente ver chegar lá este meu ombro amigo foi como se estivesse novamente em casa. Fez-me tão bem ter estado lá aquele tempo, sempre ao pé de mim. Sem ele não sei se teria aguentado, confesso.
Imaginem como me senti hoje quando o reencontrei, de uma forma mais íntima vejo-o quase todos os dias, mas hoje foi diferente. Viajámos sozinhos e fiquei admirada de mim própria ao constatar que ainda consigo controlar o pedal da embraiagem, que sou capaz de viajar sem ar condicionado, ouvir música num rádio que já não é o de origem (na minha altura ainda funcionava apenas  cassete), seguir numa auto estrada a 90km/h, de vidros abertos (o meu amigo não tem ar condicionado e esta tarde fez calor) e julgar que estou prestes a descolar numa pista de aviões low cost, circular a 100km/h e pensar que mais 1km e somos projectados para o outro lado da faixa de rodagem, tal é o abananço, fazer manobras a olhar para trás porque os espelhos orientam muito pouco... A idade não perdoa e o meu amigo está a ficar velho! Mesmo assim, como disse no início, ainda está ali para as curvas, fosse eu deixá-lo. O que se riu  quando o lembrei do dia em que decidiu rodar sobre si próprio 360º, comigo lá dentro. Aqui a culpa foi de dom papi. Decidiu que podia pôr ar nos pneus a olho. Foi preciso eu desenhar um círculo no chão, dar um xôxo no rail de proteção e ficar viradinha face to face para um camião, para ele passar numa recauchutagem e ouvir Ena amigo, isto tem ar para encher 15 pneus! Pois é, mas o meu amigo só tem 4 e o susto foi tal que naquele dia bem pensei que a nossa cumplicidade ia até aos anjinhos. 
Tomamos o gosto à conversa e ainda foi possível lembrar o dia em que eu e o meu irmão fomos ao shoping passear e ele decidiu que gostava bem mais de andar sozinho comigo. Então agora vais a pé embora! Não foi bem assim, mas foi quase.  O idiota do meu irmão não parava de se rir, a noite a cair, o local pouco seguro e a embraiagem avariada. Já dom papi estava a par da situação, a solucionar o problema (reboque...) quando o meu amigo se apercebeu que eu naquele momento lhe desejava o abate imediato e decidiu dar o ar da sua graça. Foram quase 30 km em primeira! Mas chegámos a casa sãos e salvos.
O idiota que se riu agora conduz a dita viatura, carrega-a de pranchas de body board e ouve cd's de Bob Marley Rammstein. É caso para dizer que o meu amigo agora tem outro.

6 comentários:

  1. O nosso primeiro carro sabe tanto sobre nós :) Mt bem escrito, gostei mt deste post!

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  2. Não quero parecer saudosista querida mas também tenho muitas boas memórias do meu primeiro carro, com grande pena já não o tenho é certo mas ainda anda por aí nas mãos de alguém que muito provavelmente nem imagina as boas histórias que ele teria para contar!

    Beijinhos

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    1. Afinal há mais gente a quem o 1º carro deixou boas recordações!!!
      Beijinhos ;)

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  3. :) Gostei muito!
    "ai se o meu (1)º carro falasse"
    LOL

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